Cristo é o templo onde habita Deus e a comunidade, participando da sua vida e missão, se torna templo vivo e sua morada. O edifício é a casa da Igreja e a casa de Deus somos nós, a Igreja de pedras vivas, templo espiritual em processo de construção, para formar um sacerdócio santo, destinado a oferecer sacrifícios espirituais que Deus aceita por meio de Jesus Cristo (cf. 1 Pd 2,5).
Na história em geral e no Brasil o povo foi afastado do essencial, perdeu a referência da Bíblia e da liturgia como a fonte da espiritualidade, e as Igrejas em geral não foram construídas em função da participação litúrgica. Foram muitos séculos de separação entre liturgia e piedade até o Concílio Vaticano II valorizar o sacerdócio dos batizados e propor novamente a liturgia como fonte de espiritualidade e de vida cristã.
O espaço litúrgico tem como finalidade primeira e fundamental estar a serviço da liturgia, da participação ativa e consciente da assembléia, inclusive dos seus ministros, na ação litúrgica. O espaço deve possibilitar e facilitar para que todos os participantes possam mergulhar no mistério celebrado, de modo que aconteça um encontro intimo entre os membros da assembléia entre si e com Deus.
O papa Bento XVI, assim afirma: “A liturgia tem uma ligação intrínseca com a beleza. Na liturgia brilha o mistério pascal, pelo qual o próprio Cristo nos atrai a si e nos chama à comunhão (...) A verdadeira beleza é o amor de Deus que nos foi definitivamente revelado no mistério pascal. A beleza da liturgia pertence a este mistério; é expressão excelsa da glória de Deus e, de certa forma, constitui o céu que desce à terra” (Bento XVI, Sacramentum Caritatis, 35). Esta afirmação do papa Bento nos ajuda a entender que, se o centro da nossa vida e da nossa liturgia não for o Mistério Pascal, o espaço o denuncia. Assim encontramos espaços onde o centro não é a mesa da eucaristia, centro do mistério pascal, mas a presidência, ou o padroeiro, Nossa Senhora ou o sacrário, os arranjos florais, ou ainda o dízimo. Temos que buscar a essência e a razão de ser das coisas, para sermos coerentes com o que celebramos e anunciamos, para que os espaços de celebração sejam belos e funcionais para a ação litúrgica.
Falando em espaço litúrgico belo e funcional, o que garante esta funcionalidade?
· A participação ativa e plena da assembléia dos pontos de vista visual e acústico, num ambiente acolhedor, cômodo e festivo;
· O exercício das funções dos diversos ministérios;
· A realização das diferentes celebrações: eucaristia, batismo, crisma, casamento, penitencia e, sobretudo nas catedrais, ordenações;
· Deve haver uma sacristia onde se guarda e prepara tudo o que é necessário para as celebrações; preferível são duas, de uma das quais possam sair as procissões de entrada para a nave da igreja;
· Para outras atividades da comunidade deveriam existir outros espaços, por exemplo: para catequese, as diversas pastorais, reuniões festivas e, não em último lugar, uma secretaria.
Quando se respeita esta funcionalidade, se salva a dimensão do mistério do prédio da Igreja, então o edifício construído manifesta-se como:
· Lugar da nova criação, a nova Jerusalém;
· Lugar do homem novo: de Cristo que se faz carne e armou sua tenda entre nós, do corpo de Cristo com seus membros, que em parte estão a serviço uns dos outros;
· Casa do Pai do céu, que aí acolhe seus filhos e filhas, os alimenta com o pão da Palavra e da Eucaristia, onde a assembléia e cada um podem conversar com ele, também em silencio e recolhimento;
· Lugar de celebrar o domingo, nossa páscoa semanal e outras festas;
· Lugar de descansar e recuperar as forças;
· Lugar de antecipação do oitavo dia, do dia da eternidade.
Uma coisa é certa, o espaço plenamente satisfatório, perfeito sob todos os pontos de vista, não existe e nunca existirá. Mas temos e podemos ter sempre igrejas que ajudam eficazmente aqueles que nelas celebram e rezam, a mergulhar cada vez mais profundamente no mistério de Cristo.
(Considerações baseadas na “Revista de Liturgia”, nºs 196, 205 e 207 da Congregação Religiosas Pias Discípulas do Divino Mestre).
Ir. Lídia Natsuko Awoki, pddm
Artigo publicado com a autorização da autora.
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Um pouco da história...
- Paróquia Santa Fé
- A Paróquia Santa Fé foi criada em 10 de Novembro de 1999 e está localizada junto ao Bairro Santa Fé, na região Norte de Caxias do Sul. Fazem parte da Paróquia as seguintes comunidades: Santa Rita de Cássia (Santa Fé) Nossa Senhora Consoladora (Centenário I) Senhor Ressuscitado (Centenário II) São Luiz Santo Antônio da 7 ° Légua, Nossa Senhora das Dores São Peregrino (Parque Alvorada) Nossa Senhora do Pedancino da 7ª Légua Nossa Senhora de Guadalupe (Brandalise) São Francisco (Vila Maestra) Nossa Senhora Aparecida (Belo Horizonte) Imaculado Coração de Maria (Vila Ipê) Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (Canyon) São Marcos (Veneza)e Nossa Senhora das Graças (Colina do Sol).
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